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Arquitetos: Matharoo Associates ; Matharoo Associates
- Área: 1900 m²
- Ano: 2012
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Fotografias:Edmund Sumner
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Fabricantes: Artemide, Casina, EDRA, Flow, MDF Italia
A ideia da paisagem em movimento surgiu no ato de tropeçar em uma pedra no Bosque Bidasar, que possui uma impressão de paisagem árida tropical fossilizada dentro de si. Suas superfícies polidas contra o verdor natural da região de Ahmedabad são perfeitas para o entorno, esfumaçando os limites entre a realidade e a ilusão.
A economia no auge, durante a última década no país, fez com que as residências unifamiliares se tornassem acessíveis a uma porção maior da sociedade. Juntamente com a demanda de uma independência que protege a individualidade, a tradição histórica da vida familiar comunal se desintegrou em pequenos núcleos. Apesar desta mudança de atitude cultural, no contexto da Índia da atualidade, um grande número de famílias, obrigadas pela empresa familiar e pelos valores tradicionais arraigados, continuam optando por viver juntas. Enquanto isto lhes permite beneficiar-se da responsabilidade compartilhada através de gerações, frequentemente conduz à criação de suítes autônomas dentro de uma casa que isola as famílias, inclusive sob o mesmo teto. Portanto, o desafio é integrar simultaneamente os requisitos destes estilos de vida opostos - por isso é igualmente imperativo proporcionar oportunidades de colisão comunal e, ao mesmo tempo, proporcionar privacidade.
Localizada na periferia de Ahmedabad, a residência foi pensada para um dos promotores imobiliários mais prolíficos da cidade e sua esposa, junto com as famílias dos seus dois filhos e membros visitantes. O cliente também compartilha os jardins com as casas dos seus outros dois irmãos e suas famílias em um grande terreno de 20000 m2.
A planta da casa é interpretada como um pavilhão linear, assegurando que cada espaço da casa seja envidraçado nos dois lados - o primeiro recinto. O resto da estrutura é de paredes de concreto de 200mm, o que elimina a necessidade de vigas e colunas e cria volumes interiores limpos. Além disso, economiza por volta de 3% de espaço morto construído e a área coberta total de 18.000 equivale a 50 metros quadrados ou o tamanho de uma habitação de tamanho médio.
Este pavilhão está orientado ao redor da margem do terreno como três alas. Os flacos contém os espaços privados da casa com suítes para cada uma das famílias dos filhos, enquanto o centro abriga o espaço de todas as atividades comuns. Os espaços das esquinas residuais, formados pela rotação dos volumes, estão perfeitamente protegidos por altos muros circulares que formam áreas menores - enquanto um contém o espaço de serviço das casas, o outro atua como um pátio distante do olhar das outras famílias conjuntas. Estes volumes também possuem escadas e elevador, criando espaços exteriores mais livres. A composição, em sua totalidade, define um grande pátio multifamiliar no coração do terreno.
O segundo espaço é uma camada massiva de muros de pedra Bidaser ao longo de todo o perímetro - uma casca impenetrável. Similar ao exterior duro das ametistas que fissuram-se para revelar seu coração cristalino, com somente o clique em um botão, esta parede de pedra, imponente e pesada, se abre. Isto se deve ao fato de que ela é feita por uma série de painéis que giram com suavidade sobre seus centros ou deslizam para revelar um casulo transparente interior.
Esta camada de painéis de pedra ajuda a criar uma barreira entre o interior e o exterior, protegendo a camada interna de concreto e vidro da luz solar intensa e dos 45° de calor, o que reduz o ganho de calor total no ar-condicionado. Por outro lado, este espaço se duplica como paisagens, terraços, hall de entrada e espaço de circulação, e também como proteção contra a chuva, o que elimina a necessidade de ar-condicionado em 800m2 de um total de 1700 de espaço habitável. Esta economia é substituída com uma melhora da vida e o contato direto com a natureza no que denominamos de arquitetura de valor.
A economia de ar-condicionado e o isolamento da casa, canalizam-se através de articulações motorizadas e sistemas de deslizamento gigantes. Arquitetônica e estruturalmente falando, esta camada se mantém completamente separada da estrutura interior, quase como um amortecedor de calor, e somente se apoia em estruturas ocultas dentro dos sistemas pivotantes e de correr, possibilitando lajes de concreto grossas que flutuam sobre as pedras em movimento.
As luzes mecanizadas em pedra de alabastro criam um ambiente mais natural. A maioria dos móveis foram comprados em várias casas de desenho na Itália e uma mesa de bar única foi desenhada pelos arquitetos. Trata-se de uma fita de moebius de 3 dimensões em aço inoxidável, fabricada localmente, que pode ser objeto de debate e discurso intelectual depois de algumas taças de vinho. As luzes abaixo das paredes móveis iluminam a água para fazer com que as pedras pesadas pareçam flutuar sobre ela.
Os banheiros, nos extremos opostos, e o vaso sanitário, a ducha e o lavabo, estão posicionados em 3 lados do conduto, o quarto lado esquerdo é deixado para facilitar o acesso aos serviços e ao conduto de ventilação desde o exterior do projeto. Para continuar com o material, o lavabo de concreto está em balanço desde o solo até o teto de espelho. Seguindo a mesma filosofia de manutenção fácil, as unidades de ar-condicionado foram mantidas no teto com somente alguns orifícios cortados na laje para a ventilação. Esta abordagem de integração dos serviços e os interiores na construção não somente fazem com que seja de fácil manutenção, como também economiza uma grande quantidade de tempo da construção. Toda a edificação foi finalizada em 18 meses.
Ressoando aspectos mais duros da natureza em movimento, as pedras misturam-se com o vidro interior e a paisagem selvagem, o terceiro recinto, que permite refletir tanto as atividades exteriores quanto as interiores. É nesta estratificação do espaço e sua separação que a envolvente da casa converte-se em uma interface para mediar o artifício da parte interior e exterior verde.
Os arredores da casa são vistos desde o interior, já que a casa funde-se em uma ilusão da paisagem em constante movimento onde às vezes nos vemos refletidos na natureza, estando dentro ou fora. A personificação da experiência encontra-se na entrada da residência, onde todos estes reflexos juntam-se na superfície da água para fazer com que a paisagem seja realmente móvel.
Texto: Robert Taylor & Trisha Patel